Ensinamentos


É verdade que já há muito que não aparecíamos por aqui.

Temos andado atarefadas com novas "descobertas" acerca deste mundo tão especial. Daí que este artigo fale em Hossam Ramzy

Neste últimos tempos temo-nos dedicado (e obrigada DENISE, és de facto única) em conseguir compreender tudo o que se relaciona ao ritmo, á melodia, á música que não só acompanha a bailarina mas que deve, ISSO SIM, ser SENTIDA por quem dança.
De facto, e o que nos foi dito, é que iriamos apanhar diversos "choques" e a triste conslusão a que chegámos é que o ensino desta arte oriental, em Portugal, não está bem nem sequer se recomenda. É triste mas ainda há pessoas capazes e com sabedoria suficiente para ensinar a dança oriental como ela merece ser ensinada...

Aqui ficam alguns ensinamentos deste mestre:
Hossam Ramzy, nascido no Cairo, considerado o embaixador egípcio do ritmo, é conhecido mundialmente por criar arranjos de cordas e percussão e por produzir diversas músicas para artistas de renome mundial, tais como: Yesim Salkim, Celick Erici, Cheb Khaled, Tarkan, Rachid Taha, Faudel, The Gypsy Kings e muitos mais. Considerado o “melhor” na arte egípcia da música e conhecedor supremo dos acordes e dança oriental diz:

“dançar é como fazer a percussão, como tocar a flauta Nay, ou como tocar piano, ou tocar o Oud, Quanoon ou qualquer outro instrumento. O instrumento de quem dança é o corpo. A dançarina é um membro musical da Orquestra.

Em qualquer estilo e esfera musical, é sabido que o melhor tipo de músico é aquele que OUVE OS OUTROS MÚSICOS, enquanto toca sua parte, encaixando-se perfeitamente no que está sendo tocado. Ele toca alegremente a mesma música que os outros e acentua quando deve, cresce com eles, e pára quando eles param.

Como tocador de Tabla, quando faço a percussão de uma música eu presto muita atenção a todas as frases musicais que estão sendo tocadas. Como membro de um grupo, devo conhecer definitivamente que ritmo é aquele e devo saber quando o ritmo muda, diminui, acelera, pára, acentua ou se modifica de qualquer jeito. Eu devo ouvir cada músico que toca comigo e ter certeza que estou tocando de acordo com o que ele ou ela está tocando, seja um solo ou parte de uma orquestra. Quando a orquestra inteira está fazendo rodeios sobre uma parte específica, tenho que colaborar e crescer com eles, e expressar esta parte, porém quando a música é tocada por apenas um solista, eu tenho que tocar bem baixinho, apenas o suficiente para fazer o acompanhamento, mantendo a contagem da música e o ritmo definido; eu também posso gentilmente decorar os pequenos acentos que ele estiver fazendo aqui e ali apenas para manter a coisa toda em um nível estético e artístico, e manter a comunicação fluente entre nós dois. Esta mesma atitude aplica-se a todos os instrumentos que se apresentam na mesma parte da música. Ou a coisa toda descamba para uma bagunça sem precedentes.

Nos meus contactos com diversos grandes artistas do mundo que têm a dança como parte relevante de suas carreiras ou que estão relacionados à nossa amada dança, como a dançarina indiana de Kathak Nahid Siddiki do Paquistão ou a espanhola Maria Belén Fernandez de Madrid, TODAS elas me explicaram quanto tempo gastam aprendendo sobre ritmos, contagem, cantando os sons dos ritmos e aprendendo os significados dos movimentos do corpo e o que este movimento de cabeça significa, ou o que o olhar indica, ou o quanto elas amam isso tudo e como é significativo aos olhos de quem observa e como elas nunca poderiam pisar um palco sem estes conhecimentos, e se por milagre conseguissem, elas não seriam aceites pelo público, uma vez que este público sabe o que quer.

Porque algumas pessoas pensam que na dança egípcia e do Oriente Médio deveria ser diferente?

Sim, eu sei... Se você mostrar as pernas o suficiente, muita gente ficará interessada no oriente médio, mas AQUI eu falo sobre ARTE, CULTURA e ESTÉTICA.

Tenho visto diversas dançarinas se apresentarem com as mais inusitadas coreografias para a música e dizerem, e eu cito aqui “Esta coreografia foi especialmente desenhada para mim por (#~@%$£&^%@#~#x ) {O nome de algum professor famoso}".

Sinto muito por isso do fundo de meu coração, porque quero que VOCÊ compreenda a dança e DANCE REALMENTE bem.

Então se você quer saber como fazer isso e como organizar sua dança de acordo com a música, é assim que se faz. Este é um presente gratuito, e espero que você faça bom uso dele.

Eis o que eu penso:

Se escolheu uma ou outra parte da música.

Agora tente descobrir algo mais sobre ela. O que ela está dizendo (musicalmente e liricamente se possível) e quais seriam os gestos adequados a esta composição... é uma música alegre? É uma música triste? Ou seria uma música brava? Uma música melancólica? Que tipo de música é esta, é clássica, é folclórica, é um Baladi, é um Baladi improvisado, é um Saidi, e isso só para mencionar o campo de músicas egípcias...

Então descubra que ritmo é aquele. Quantas barras de cada ritmo a música tem.

Abasteça-se com um vocabulário básico de movimentos que podem encaixar-se em cada um destes ritmos (dois ou três passos que possam ser encaixados em cada ritmo), e você deve fazer um óptimo trabalho. Uma de minhas dançarinas favoritas do Egipto é Fifi Abdo. Garanto-vos que ela faz apenas três ou quatro passos em todo seu repertório. Mas ela executa-os no lugar certo e no momento certo, com um adorável sorriso.”


Por certo que as mais atentas compreenderão esta nossa "tristeza" e este nosso desabafo.
Esperamos por dias melhores e mais iluminados
entretanto
Boas e divinas danças!

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